Nesse post vamos entender o que é a reciclagem de um módulo fotovoltaico, se os módulos podem ser 100% reciclados, se o processo de reciclagem pode ser feito no Brasil e quais as etapas desse processo.
A tecnologia solar tem evoluído muito e está em crescente ascensão nos últimos anos, ou seja, logo teremos muito material sendo descartado e que precisará de um destino correto.
Segundo Agência Internacional de Energia Renovável (IRENA), mais de 78 milhões de toneladas de resíduos de painéis solares serão descartadas em todo o mundo até 2050. Essas estimativas trazem um novo desafio ambiental, mas também apresentam oportunidades para novos negócios no setor de energia solar.
QUANDO OS MÓDULOS FOTOVOLTAICOS DEVEM SER RECICLADOS?
Os módulos fotovoltaicos devem ser reciclados quando são descartados, geralmente nesses casos:
– Os equipamentos não atendem os testes de qualidade;
– Ocorrem danos no processo produtivo;
– Durante a logística entre as importadoras, distribuidoras, fábricas e o integrador;
– Ocorrência de acidentes durante a instalação;
– São danificados após a instalação;
– Acaba a vida útil do equipamento.
Mas como funciona o processo de reciclagem dos módulos fotovoltaicos ou ‘painéis solares’? Para responder essa pergunta precisamos entender qual a composição deste equipamento.
MATERIAIS QUE COMPÕEM O MÓDULO FOTOVOLTAICO SOLAR
Um módulo fotovoltaico de 72 células tem cerca de 23kg.
Cerca de 97% do módulo fotovoltaico pode ser reciclado, atualmente.
O material com peso predominante é o vidro que corresponde por cerca de 74% do peso total.
Polímeros plástico são 11% do peso, alumínio são 10%, silício são 3% e ainda pode haver em um módulo: cobre (Cu), prata (Ag), estanho (Sn), zinco (Zn) e chumbo (Pb), com menos de 1% cada.
Comumente são 2,3 gramas de prata, 131 gramas de cobre e 2,37 quilos de alumínio.
A prata, por exemplo, é um material nobre com alto valor no mercado, cotada por cerca de R$52/kg, já o cobre cobre R$22/kg e o alumínio R$6,9/kg.
O PROCESSO DE RECICLAGEM DO MÓDULO SOLAR FOTOVOLTAICO
O processo de reciclagem dos módulos passa por 5 etapas principais: a coleta, a desmontagem, a separação, a reciclagem e a valorização.
A principal etapa da reciclagem é a de separação. Os materiais recebidos passam por uma triagem inicial. Após essa avaliação inicial, o primeiro passo é a retirada mecânica do quadro de alumínio exterior junto com os conectores e a caixa de junção. Em seguida, os módulos vão para o processo de remoção do vidro.
O que sobra depois da retirada do vidro, do alumínio e do plástico, é incinerado e tratado quimicamente para a separação de outros metais. Os materiais coletados mais comumente são: alumínio, vidro, prata, cobre, plástico e silício.
Este é um exemplo de processo, mas na reciclagem temos basicamente 3 principais métodos são eles:
- Mecânico: Em que é feita trituração e separação principalmente do vidro;
- Químico: Onde é feita a separação dos metais pesados.. Podendo ser feita a recuperação das células fotovoltaicas;
- Térmico: Utilizado para os retirar os polímeros.
Após a coleta e separação, os materiais são enviados para seus devidos compradores, que são empresas de reciclagem e beneficiamento dos materiais puros, que transformarão os materiais coletados em matérias primas com as características necessárias para cada tipo de indústria a que se destinam.
Podemos dizer que os métodos de reciclagem dos módulos fotovoltaicos ainda estão sendo desenvolvidos, mas já existem algumas plantas em funcionamento no mundo próprias para esse processo, a primeira deles foi construída na França, como mostra esse artigo aqui.
Essas imagens são da unidade francesa PV Cicle.
Legislações no mundo para reciclagem de módulos fotovoltaicos
Atualmente, como vimos, existem soluções para a reciclagem dos módulos fotovoltaicos, quando esses chegam ao fim de sua vida útil. Em alguns locais do mundo já existe uma legislação específica para o tema.
Pela legislação da União Europeia, os fabricantes são responsáveis por garantir que os seus módulos fotovoltaicos sejam reciclados de forma adequada quando os mesmos se tornarem inutilizáveis.
No Japão, Índia e Austrália, os requisitos de reciclagem estão em andamento. Já nos Estados Unidos não tem uma regra geral. Com exceção de uma lei estadual em Washington, o país não tem legislação de reciclagem de energia solar.
No Brasil esse processo está em andamento, algumas empresas estão buscando se consolidar no mercado para que o processo se inicie de fato, inspirados nas experiências internacionais.
Mas assim como nos Estados Unidos, ainda não temos uma legislação própria para reciclagem de energia solar, apenas a política de resíduos sólidos.
CONCLUINDO
Como vimos, soluções existem para descartar e reciclar de modo correto os módulos fotovoltaicos, porém ainda falta uma legislação que controle o destino final desses módulos aqui no Brasil.
Após a reciclagem e purificação dos módulos fotovoltaicos, pode ser feita a reutilização desses materiais na fabricação de novos módulos ou Oos materiais podem ser vendidos separadamente, agregando valor aos produtos.
A reciclagem dos módulos ainda não está como prioridade de assuntos hoje em dia, porém é uma questão extremamente importante, pois logo teremos uma demanda grande de módulos com fim de vida útil e precisamos estar preparados para esse cenário.
